As secretarias estaduais de oito Estados (PR, BA, GO, SP, PE, ES, RJ e TO) confirmaram a situação.
O objetivo dos kits é detectar anticorpos da dengue a partir de amostras de sangue de pacientes enviadas pelas unidades aos laboratórios públicos centrais dos Estados. Os testes também têm por finalidade distinguir a dengue das outras doenças como Zika e Chikungunhya.
Com a falta dos kits, os Estados utilizam de análises clínicas e outros exames para ter um diagnóstico da doença que já pode estar na fase aguda.
O Brasil teve em 2015 um recorde da doença, com 1,6 milhões de casos e 863 mortes. No início de 2016, a quantidade de casos considerados pelo Ministério da Saúde como suspeitos já chega a 170 mil, um aumento de 46% em relação ao mesmo período do ano passado.
O ministro da Saúde, Marcelo Castro, declarou em fevereiro ter havido atraso no envio dos kits aos laboratórios estaduais. Mas disse que esse contratempo “já havia sido corrigido”.
De acordo com a Secretaria de Saúde estadual, cada kit pode ser usado para analisar cerca de 90 amostras de pacientes com suspeita de dengue. O número de kits solicitados desde outubro era maior: cerca de 3.000.
No Tocantins, de 180 kits esperados, só 20 chegaram. Estados como Paraná, Bahia, Goiás, Pernambuco e Espirito Santos decidiram adquirir alguns kits de diagnóstico por conta própria
Para Artur Timerman, presidente da Sociedade de Dengue e Arbovirosesa dificuldade na entrega revela o cenário de “caos” na saúde.
“Estamos vivendo uma epidemia tríplice, com três vírus com características semelhantes circulando. E o diagnóstico só pode ser estabelecido por meio dos testes sorológicos. Se não é feito o teste, perde-se o parâmetro para saber a relevância [dessas doenças] para o Estado”, diz.
A expectativa do governo federal para este semestre é iniciar a distribuição de kits que determine simultaneamente se o paciente tem dengue, zika ou chikungunhya. O ministro chegou a dizer que deveriam ser disponibilizados ainda este mês.
Em nota, o Ministério da Saúde afirma ter adquirido, entre fevereiro e março, mil kits de testes sorológicos para dengue “que estão sendo distribuídos para as secretarias estaduais de todo o país”.
Segundo o MS, os kits devem ser úteis para até 96 mil exames, onde cada kit poderá fazer 96 testes.
O ministério diz ainda que “está adquirindo mais mil kits neste mês de março que serão liberados aos Estados de acordo com o cronograma de liberação”. As datas não foram informadas.
O ministério também afirma que o tratamento dos pacientes não depende de exames específicos de diagnóstico da dengue, “sendo o acompanhamento dos sintomas o que define a assistência”. E recomenda que a confirmação dos casos suspeitos seja feita por critérios “clinico-epidemiológico” avaliados por profissionais da saúde.
Fonte: Folha de São Paulo
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