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quarta-feira, 27 de maio de 2015

A aliados, Cunha culpa PSDB e Michel Temer por derrota na Câmara

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Na avaliação de Cunha o que "atrapalhou" foi o PSDB
Em conversas reservadas com aliados, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha(PMDB-RJ), atribuiu a derrota do modelo conhecido como "distritão" no projeto da reforma política aos deputados do PSDB. Ele ainda criticou o vice-presidente, Michel Temer, por ter deixado o presidente interino do PMDB, Valdir Raupp, conduzir as negociações sobre o tema, votado nesta terça-feira (26).
Peemedebistas afirmam que quase todos deputados da bancada da legenda eram favoráveis ao distritão, modelo defendido por Cunha. Na sessão, 13 votaram contra a proposta.
Na avaliação de Cunha, segundo a reportagem apurou, o que "atrapalhou" foi o PSDB, que havia negociado acordo para votar mas liberou a bancada após pressão do senador Aécio Neves (PSDB-MG).
Temer é criticado nos bastidores por Cunha e aliados porque, segundo eles, deixou Raupp "tocar" as tratativas sobre a votação. De acordo com esses deputados, o presidente interino do PMDB articulou com Gilberto Kassab (Cidades) e Aécio Neves contra os pontos votados na reforma política.
Temer é o patrono do distritão. Na segunda-feira (25), ele havia avaliado que o cenário estava, nas palavras de um interlocutor, "calmo", e não descartava a vitória do modelo.
Esta foi a primeira grande derrota de Cunha à frente da presidência da Câmara.
Publicamente, o presidente da Câmara não individualizou responsabilidades pelo resultado, mas criticou o fato de "todos pedirem a reforma política", mas na hora do voto, optarem por não mudar nada.
"Todo mundo chega na campanha eleitoral e diz que temos que fazer uma reforma política, porque ninguém aguenta mais fazer campanha como está. Mas ontem a Câmara votou, tomou sua decisão e ela não quer mudar o sistema eleitoral. O sistema que existe vai persistir. As eleições do ano que vem já estão organizadas", disse nesta quarta-feira (27), durante evento da marcha dos prefeitos, em Brasília.
O resultado da reforma na Câmara foi a segunda derrota de Cunha no mesmo dia e praticamente sepultou a proposta capitaneada por ele e pelo PMDB. O projeto do distritão, também defendido por Cunha, já havia sido barrado por larga margem pouco antes.
O PT, que era contra o distritão e a favor do financiamento exclusivamente público das campanhas, acabou fortalecido com o resultado. O partido interrompeu assim uma série de revezes sofridos na gestão Cunha.
'Derrota do povo'
O presidente da Câmara disse ainda não se considerar derrotado, repetindo o que havia dito na madrugada.
"Ontem quem foi derrotado foi todo mundo, foi o povo, porque todos os modelos foram derrotados [outros duas propostas de sistema eleitoral também foram rejeitadas]. Na prática, a decisão é não tem reforma", afirmou.
"Todos foram frustrados da expectativa de uma reforma. Ali não foi votada a minha reforma."
Apesar de a Câmara ainda ter pontos a votar, como o fim da reeleição e a unificação das eleições a cada quatro anos, o presidente da Câmara se mostrou cético: "Temos que entender o seguinte: a Câmara não quer reforma política, não quer mudar o sistema eleitoral. Mudança, reforma, eu acho que esgotou".
E completou: "Não é uma derrota do PMDB. Para nós, quando vai discutir uma mudança no sistema eleitoral, cada um tem a sua opinião".
Sobre financiamento privado, ele afirmou que se a Câmara voltar a rejeitar nesta quarta o tema, "isso significa que a Casa resolveu deixar na mão do Supremo Tribunal Federal a decisão."
Ele se refere à inclinação do STF de proibir as doações de empresas a candidatos. O tribunal já tem maioria nesse sentido, mas o julgamento do caso está interrompido desde o ano passado devido a um pedido de vista do ministro Gilmar Mendes.
Nesta quarta, o plenário da Câmara vota também o fim da reeleição e a coincidência de eleições de quatro em quatro anos.
Comissão
A derrota de Cunha foi maior ainda entre os integrantes da comissão especial que debateu por quatro meses a reforma política -65% dos titulares desse colegiado rejeitaram no plenário da Câmara, na noite desta terça-feira (26), o modelo eleitoral defendido pelo presidente da Câmara.
Criada pelo próprio Cunha, a comissão especial teve seu trabalho descartado por ameaçar aprovar propostas que divergiam dos pontos de vista do peemedebista.
No final, o presidente da Câmara chegou a dizer que faltou "inteligência política" ao relator, Marcelo Castro (PI), seu colega de partido e alçado à função por ele.
Entre os integrantes da comissão que votaram contra Cunha estão 2 dos 4 peemedebistas titulares da comissão -Castro e Alceu Moreira (RS). Ao todo, 22 titulares da comissão rejeitaram o distritão e 12, aprovaram. No total de deputados que votaram no plenário, nesta terça, 56% rejeitaram o distritão (267 contra 210).
Críticas à saúde
Além de Eduardo Cunha, o presidente do Senado, Renan Calheiros, participou de debate com prefeitos sobre o pacto federativo nesta quarta, No evento, Renan aproveitou para fazer críticas ao ajuste fiscal proposto pelo governo da presidente Dilma Rousseff e disse que "não tem nenhuma dúvida" de que os cortes vão, sobretudo, "punir os mais pobres, os trabalhadores".
"Precisamos de um ajuste fiscal que corte na carne e diminua o tamanho do Estado, acabe com essa excrescência que é ter 39 ministérios esvaziados e sem recursos", disse o presidente do Senado.
A Casa vota esta semana as medidas provisórias do ajuste. Caso a votação não aconteça até dia 1 de junho, as MPs perdem a validade. Nesta terça, parte das medidas foram aprovadas pelo Senado.
(Diário do Nordeste)

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