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quarta-feira, 16 de dezembro de 2015

Grau de investimento: veja por que o Brasil perdeu

Real sofre: grafite do artista português Miguel Januário ilustra bem o momento / Marcelo Fonseca/Folhapress
A crise política e econômica, aliada à falta de reação do governo brasileiro diante das dificuldades, foi decisiva para que a agência de classificação de risco Fitch tenha retirado a nota de crédito do Brasil, revisada de BBB- para BB+, com perspectiva negativa. A decisão foi tomada três meses após a Moody's também retirar o selo de bom pagador do país.  

Isso deve levar o Brasil a perder investimentos de alguns fundos estrangeiros, que são obrigados - pelo regulamento interno - a retirar dinheiro de países que perderam o grau de investimento em mais de uma grande agência, por um suposto risco de calote.

Em janeiro de 2015, o então recém-empossado ministro da Fazenda, Joaquim Levy, já demonstrava preocupação com o grau de investimento - ele foi chamado justamente para tentar recuperar a imagem do país, após a saída de Guido Mantega.


Com a reeleição da presidente Dilma Rousseff , que negou a crise durante toda a campanha, o Planalto prometeu um ajuste fiscal rápido e crescimento já em 2016.

Entre as propostas de austeridade estavam a restrição de acesso aos benefícios trabalhistas e previdenciários, além da revisão da desoneração da folha de pagamento para as empresas.

Espiral decrescente

O primeiro atestado de porto seguro para investimento foi dado para o Brasil em 2008, quando o cenário era muito diferente do atual. Na época, o crescimento era de 5,2% e a inflação oficial estava em 5,9, o que levou o então presidente Lula a comemorar.

“Nós acabamos de receber a notícia que o Brasil passou a ser ‘investment rate’. Eu não sei nem flar direito a palavra, mas se a gente for traduzir isso para uma linguagem que os brasileiros entendam, é que o Brasil foi declarado um país sério, que cuida das suas finanças”, afirmou o ex-presidente.

Em março deste ano, apesar de assumir que o Brasil flertava com um momento econômico delicado, longe da bonança de anos anteriores, a presidente Dilma Rousseff diminuiu a gravidade da crise durante um discurso naquele mês.

“O Brasil passa por um momento diferente do que vivemos nos últimos anos, mas nem de longe está vivendo uma crise nas dimensões que dizem alguns. Passamos por momentos conjunturais, mas nossos fundamentos continuam sólidos”, disse Dilma.

Enquanto isso, a ajuda que poderia vir dos céus não chegou.  A escassez das chuvas no Nordeste e Sudeste obrigou o acionamento das usinas termelétricas, que custam mais, o que encareceu a conta de luz dos consumidores. 

Em agosto deste ano, a inflação já chegava a 8,8%, o maior índice em 12 anos, com fortes reflexos nas prateleiras e nas bombas de gasolina. Diante do novo cenário, o discurso da presidente mudou. 

“A inflação neste ano é atípica”, afirmou Dilma. “O Brasil não pode conviver com uma taxa alta de inflação. Não pode e não vai.”

Em dezembro, a inflação já passa de 10% e o PIB está negativo.

Imobilidade institucional

Para tentar reverter a falta de confiança, o Planalto anunciou novas medidas de austeridade, entre elas - a volta da CPMF, aumento de outros impostos e corte de gastos.

Mas o Congresso travou votações e o governo entregou um Orçamento prevendo um déficit superior a R$ 50 bilhões, fator decisivo para - em setembro - a Standard and Poors tirar o grau de investimento do Brasil.

Logo depois do comunicado, o ministro do Planejamento, Nelson Barbosa, tentou tranquilizar o mercado, mas admitiu que o cenário não era positivo.

“Essa notícia não é boa, mas pode ser revertida e estamos trabalhando para isso. O governo brasileiro tem todos os instrumentos para resolver a situação fiscal do país.”

Diante disso, a crise econômica continua a se agravar, com o dólar passando da barreira dos R$ 4, aumento do desemprego, da inflação e queda no PIB.

Além disso, o cenário político não melhorou, pelo contrário: surgiram novos desdobramentos da Operação Lava Jato e um processo de impeachment foi aberto contra a presidente Dilma Rousseff.

A retirada do selo de bom pagador do Brasil pela agência de classificação de risco Fitch deve causar um prejuízo de mais de R$ 1 bilhão ao país., segundo o o economista-chefe da Austin Rating, Alex Agostini.

Em entrevista à BandNews FM, o especialista afirma que muitos investidores já deixaram fundos nacionais com a perspectiva de um rebaixamento da nota brasileira.

band uol

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