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sábado, 19 de dezembro de 2015

Espanha tem eleição legislativa neste domingo; veja o que está em jogo


Combinação de fotos mostra cartazes com os principais candidatos ao cargo de chefe de governo na Espanha: Mariano Rajoy (PP), atual presidente do governo, Pedro Sánchez (PSOE), Albert Rivera (Ciudadanos) e Pablo Iglesias (Podemos) (Foto: REUTERS/Jon Nazca)
A Espanha vai às urnas neste domingo (20) para eleger os assentos de um novo Parlamento, que, por sua vez, vai escolher - a partir de uma maioria absoluta ou por meio de alianças - o novo presidente do governo espanhol. No total, estão em jogo 558 cadeiras no Congresso - 350 na Câmara dos Deputados e 208 no Senado. Mais de 36,5 milhões de pessoas são esperadas nos locais de votação em todo o país.

Estas eleições devem permitir a consolidação de dois partidos no Congresso, que se apresentam como uma alternativa nova e esperançosa frente à "velha" política: Podemos e Ciudadanos. Eles põem em xeque o histórico bipartidarismo no país, protagonizado pelos Partido Popular, ou PP (centro-direita), e PSOE (socialistas), que se revezam no poder há mais de três décadas.
As eleições 20D, como são chamadas por serem realizadas no dia 20 de dezembro, também colocam em disputa o cargo de presidente do governo, atualmente ocupado por Mariano Rajoy, de 60 anos. Seus principais adversários são três candidatos nascidos na década de 70, o que provoca uma espécie de desafio de gerações entre os quatro principais partidos.

Essas mudanças ocorrerão em um momento em que o país, de 47 milhões de habitantes, enfrenta esmagadora crise econômica marcada pelo aumento do desemprego e escândalos de corrupção.

O índice de desemprego disparou e atingiu 27%; os gastos com saúde sofreram grandes cortes; e milhares de famílias perderam suas casas, incapazes de pagar os empréstimos com os bancos, que, por sua parte, se beneficiaram em 2012 de um resgate europeu de 41 bilhões de euros.
A economia ainda é um tema chave nesse momento. Mas, diferente das últimas eleições gerais de 2011, quando o país passava por um de seus piores momentos da crise econômica, outros temas ganham força, como a proposta de independência da região autônoma da Catalunha.

A aspiração dos nacionalistas catalães de avançar rumo à independência protagonizou a política espanhola no último ano e deve ser um dos desafios do próximo chefe de governo. No último dia 9 de novembro, dois partidos locais - Junts pel Si e CUP - aprovaram na recém eleita câmara regional uma proposta para iniciar um processo de secessão que foi declarado ilegal pelo Tribunal Constitucional.
As pesquisas de vários veículos locais de comunicação divulgadas na última segunda-feira seguiram essa mesma linha, prevendo uma vitória do PP, mas sem maioria suficiente e com a necessidade de pactos para que seu candidato, Mariano Rajoy, continue no cargo de presidente do Governo.

Rajoy precisaria dos deputados do Ciudadanos, o partido mais próximo a suas políticas, para ter condições de tomar posse no Parlamento. Mas o líder do partido, Albert Rivera, um advogado de 36 anos, não se cansa de repetir que não apoiará "nem Rajoy, nem (Pedro) Sánchez", o secretário-geral do PSOE.

O Parlamento deve ser constituído até a segunda semana de janeiro.

Veja mais sobre os principais partidos e seus candidatos a presidente do governo:

PP
Candidato a presidente do Governo: Mariano Rajoy

O primeiro-ministro da Espanha, Mariano Rajoy, concede entrevista coletiva em Madri, em 28 de setembro (Foto: AFP Photo/Pierre-Philippe Marcou)
O PP, de centro-direita, venceu as eleições de novembro de 2011 por maioria absoluta, com 186 assentos no Parlamento. Mas as medidas de austeridade impopulares e escândalos de corrupção minaram o seu apoio, mesmo com a melhora na economia e a volta dos empregos.

Mariano Rajoy busca a reeleição ao governo espanhol apoiado na melhora dos indicadores econômicos nos quatro últimos anos, embora a oposição insista que a recuperação não chegou ao povo e denuncie vários casos de corrupção vinculados ao PP. Após uma drástica e dolorosa política de austeridade, o presidente do Partido Popular (PP, direita) afirma que "o mais duro da crise passou". Rajoy se apresenta como uma garantia de estabilidade econômica e política ante o auge do movimento pela independência da Catalunha.

Experiência é a principal arma de Rajoy, galego nascido em 1955 em Santiago de Compostela, que passou por diferentes cargos, locais e nacionais, desde que em 1981 se tornou deputado no parlamento da região da Galícia. O candidato à reeleição insiste em o país precisa de "gente preparada" e reprova seus rivais alegando que, "em 15 minutos, querem ser presidentes do Governo".

PSOE
Candidato a presidente do Governo: Pedro Sánchez
Pedro Sánchez, economista de 43 anos a frente do partido espanhol PSOE (Foto: REUTERS/Heino Kalis)
Fundado em 1879, o PSOE é o partido mais antigo da Espanha e um dos primeiros partidos socialistas da Europa. Venceu seis das 11 eleições que o país teve desde que restabeleceu sua democracia e é considerado o arquiteto da transformação da Espanha, de um Estado autoritário e retrógrado em uma democracia dinâmica integrada à União Europeia.

Lançou vários projetos de infraestrutura e implementou reformas sociais, como a legalização do aborto e o casamento gay. O apoio ao partido caiu durante seu último governo, entre 2004 e 2011, principalmente devido à lenta resposta do então chefe de governo José Luis Zapatero ante a crise econômica iminente que provocou o desemprego e levou a economia à beira do colapso.

Sánchez é um jovem economista de 43 anos que deseja dar uma imagem de renovação a um partido centenário, que governou por 21 anos nas últimas três décadas. Líder do PSOE desde 2014, Sánchez reivindica o legado dos governos de Felipe González (1982-1996) e José Luis Rodríguez Zapatero (2004-2011), dos quais afirma se sentir "orgulhoso", e combina esta mensagem com uma chamada à renovação para liderar "a mudança" frente às políticas do PP.

Conhecido como "Pedro o belo", é deputado no Congresso, onde criticou em muitas oportunidades a gestão de Rajoy. Se define como social-democrata e promete uma "renda mínima vital para as famílias sem recursos", assim como recuperar os direitos, segundo ele, cortados pela direita: direitos dos trabalhadores, dos imigrantes, das mulheres, direito à saúde e manifestação.

Podemos
Candidato a presidente do Governo: Pablo Iglesias

Pablo Iglesias, professor de Ciências Políticas e candidato do partido Podemos (Foto: REUTERS/Juan Medina)
Fundado em 2014, o partido oferece o discurso de maior quebra com os partidos tradicionais, aos quais até há pouco classificava de maneira crítica como "castas". Denuncia o sistema, sua corrupção e suas injustiças. O Podemos canalizou a indignação da população, demonstrada em manifestações desde 2011. Pode tirar votos do PSOE, castigado pelos eleitores por sua gestão da crise quando esteve no poder, até 2011.
Recentemente o partido suavizou o tom pessimista em relação ao futuro do país e se apresenta agora como um partido de governo com um programa econômico de inspiração social-democrata.

Iglesias é um professor de Ciências Políticas de 37 anos e apresenta a imagem mais "renovada" dos quatro candidatos, com cavanhaque, cabelo comprido, jeans e camisa, sem terno ou gravata.

Eleito em maio de 2014 para o Parlamento Europeu, ele abandonou a universidade para ocupar o posto de europarlamentar, cadeira a que renunciou há dois meses para dedicar-se à campanha eleitoral. O jovem madrilenho é um forte crítico das políticas de austeridade impostas pela UE ante a crise. Defende o "repúdio à corrupção", a "defesa das classes populares" e o "direito à autodeterminação para catalães e bascos", embora deseje que a Espanha permaneça unida.

Ciudadanos

Candidato a presidente do Governo: Albert Rivera
Albert Rivera, de 3 anos, candidato a chefe do governo espanhol pelo partido Ciudadanos (Foto: REUTERS/Vincent West)
O partido nasceu na Catalunha há 10 anos como uma plataforma cívica contrária ao nacionalismo dessa região. Ele se define como um partido de centro, com capacidade para entusiasmar antigos eleitores do PP e do PSOE. O partido não comanda nenhuma cidade ou região, mas obteve um grande resultado nas regionais da Catalunha de setembro (17,9% dos votos, segunda maior força política).

O Ciudadanos tem como meta acabar com a corrupção e o clientelismo na economia e nas instituições, além de reformar o mercado de trabalho em um país com nível de desemprego ainda superior a 21%. Seu discurso centrista seduz muitos eleitores, tanto à direita como à esquerda do espectro político.

Rivera, de 36 anos, começou sua carreira política em 2006 na Catalunha se opondo ao nacionalismo, e no último ano deu o salto à esfera nacional. Ele se propõe como o líder que representa o centro e descarta apoiar PP ou PSOE. "A Espanha precisa olhar para frente, não para a esquerda ou a direita", afirmou.

Ex-conselheiro jurídico de um banco, o advogado de Barcelona se dedica há oito anos com exclusividade à política. Grande orador e com grande presença nas redes sociais, foi deputado regional na Catalunha desde a criação de seu partido em 2006 até as últimas eleições regionais de setembro.

g1

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