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sábado, 13 de junho de 2015

'Sempre gostou da vida', diz irmão de Fernando Brant em velório


"Fernando é uma pessoa que sempre gostou da vida", resumiu o irmão de Fernando Brant, Moacir Brant, ao chegar ao velório do músico mineiro, na manhã deste sábado (13). O corpo do parceiro mais importante de Milton Nascimento é velado no saguão do Palácio das Artes, uma das casas de espetáculos mais conhecidas da capital mineira.
Brant morreu na noite desta sexta-feira (12) por complicações após o segundo transplante de fígado por uma cirurgia de fígado. Há três anos, o músico batalhava contra um câncer de fígado. Ele deixou a mulher, três filhos e dois netos.
Moacir Brant, irmão de Fernando Brant, se emociona no velório, em Belo Horizonte (Foto: Reprodução/TV Globo)"Ele tava muito otimista [sobre o tratamento]. Ele pediu inclusive na terça-feira, depois da cirurgia, 'quero comer o meu bolinho de feijão', coisa bem mineira. Mas a vida sabe o que faz. E ele nos deixou, mas deixou muita saudade, muita música. Um exemplo de vida. O Fernando sempre foi um cara diferente, uma postura muito correta, homem do bem. Homem que viveu a vida, amava esse país como poucas pessoas, trabalhou a vida inteira pensando num país melhor, mais justo", descreveu Moacir.
O músico Tavinho Moura esteve no velório e relembrou, emocionado, ao G1, da grande amizade com Brant. "Não tenho apenas uma lembrança dele, tenho milhões. Ele vai ficar comigo até eu morrer. Eu não vou vê-lo mais, é só isso, pelo resto da minha vida”, disse. Moura contou que, juntos, fizeram muitos shows, em que cantavam composições próprias e de outros artistas como Dorival Caymmi, Tom Jobim e Toninho Horta.
“A gente perde um grande amigo porque chegou a hora da partida. Fica a perda para os amigos e para a família”, disse um dos companheiros de carreira mais importantes, o músico Lô Borges. Lô lembrou que a música “Paisagem da Janela”, que compôs junto com Brant, é a canção que não pode faltar em nenhum show. “É m intelectual, um letrista, um jornalista. As coisas que ele fez vão ser aproveitadas pelo resto da vida”, comentou.
O senador Aécio Neves (PSDB) esteve no velório na manhã deste sábado para prestar sua solidariedade à família. Ele disse que “Minas e o Brasil perderam um dos maiores artistas. Fernando Brant exerceu a cidadania, porque ele não era apenas um artista. Ele pensava no Brasil”, lembrando que o músico lutou pela democracia, por um país mais justo e fraterno.
O prefeito de Belo Horizonte, Marcio Lacerda, falou rapidamente à imprensa na chegada ao velório. “Fernando Brant foi e sempre será a nossa identidade em Minas Gerais. Havia poesia e música em suas letras. Ele era genial”, disse o prefeito. Para Lacerda, Brant era, apesar de uma expressão mundial, uma pessoa “simples, amena e autêntica”.
O governador Fernando Pimentel também esteve no velório. “A morte de Fernando Brant é uma enorme perda para Minas Gerais e para o Brasil. Eu, particularmente, tive um convívio muito próximo a ele. Deixou um legado muito importante para a musica brasileira mineira e ara arte no geral”, disse.
O corpo do músico e escritor mineiro vai ter enterrado na tarde deste sábado, no Cemitério do Bonfim, na Região Noroeste de Belo Horizonte.
Vida de Fernando Brant
Natural de Caldas, Fernando Brant nasceu em outubro de 1946. Formou-se em direito pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Mais tarde atuou como repórter da sucursal mineira da revista "O Cruzeiro". Mas foi como músico e compositor que ele fez sucesso.
Fernando Brant (Foto: Reprodução / TV Globo)Fernando Brant (Foto: Reprodução / TV Globo)
Na década de 1960, conheceu Milton Nascimento, seu principal parceiro em mais de 200 músicas. Em 1967, compôs sua primeira música, "Travessia", que se tornou um hit nacional na voz de Milton Nascimento.
Bituca, como Milton é carinhosamente chamado no Clube da Esquina, ainda interpretou outros clássicos de Brant, como "Canção da América", "Nos bailes da vida", "Maria, Maria", "Planeta blue", "Promessas do sol", "O vendedor de sonhos" e "Encontros e despedidas", entre outros.
Brant ainda formou parceria com os irmãos Borges, Beto Guedes, Tavinho Moura e Sirlan.
Em 1967, Brant participou do II Festival Nacional da Canção, na TV Globo, com três canções escritas em parceria com Milton Nascimento: "Morro velho", "Maria minha fé" e o hit "Travessia", que terminou em 2º lugar no evento.
Em 1968, participou do IV Festival de Música Popular Brasileira, na TV Record, com a canção "Sentinela", cantada por Cynara e Cybele.
Em 1970, escreveu, com Milton Nascimento, a trilha sonora de "Tostão, a fera de ouro", curta-metragem de Ricardo Gomes Leite e Paulo Laender, com destaque para a canção "Aqui é o país do futebol". No mesmo ano, Milton Nascimento gravou outras canções de Brant, entre elas "Para Lennon e McCartney" e "Durango Kid".
Em 1972, as composições "San Vicente", "Ao que vai nascer" e "Paisagem na janela" foram incluídas no histórico LP "Clube da Esquina" , de Milton Nascimento e Lô Borges.
Em 1998, as canções "Janela para o mundo" e "Louva-a-deus" integraram o repertório de "Nascimento", disco premiado com o Grammy.
(g1)

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