Em entrevista ao Jornal O Globo, na edição deste domingo, o ex-governador Cid Gomes, afirmou estar decepcionado com o Governo por ficar refém de Eduardo Cunha. Segundo Cid, falta coragem para enfrentar o desafeto. Ele afirma que até hoje ainda é cumprimentado nas ruas por ter enfrentado o poderoso presidente da Câmara na sessão onde ele confirmou ter chamado deputados de “achacadores”.
Para ele, tentar acordo com Cunha não leva o Governo a nada. Para ele, Dilma poderá até ficar até o fim do mandato, mas sem popularidade. Para ele só vale estar no governo se estiver bem com o povo. Para que serve ficar no governo sem popularidade? ”, indaga
Ele diz que não acredita em renúncia, mas em luta. Diz acreditar que Dilma é séria e bem intencionada. “Vive um momento de fragilidade da popularidade muito grande, casado com a crise econômica, que em boa parte tem a ver com a matriz fiscal do governo e a condução equivocada de políticas macroeconômicas”, criticou.
Para ele não faz sentido, em uma crise fiscal, fazer elevação de juros como se está fazendo. Ensina que a lógica ortodoxa é ter juro alto e inibir o consumo, no pressuposto de que a inflação é por conta de uma demanda maior do que pode produzir o país.
Cid assevera que não acredita que o problema do Governo é Joaquim Levy, como tem propagado o PT. “Não faz sentido colocar nele a culpa, mas insistir mais de um ano com uma política de elevação de juro está errado. O governo tem que enfrentar com transparência essa discussão”, diz afirmando que sabe que é uma situação difícil, pois o governo tem a “faca no pescoço colocada pelo Eduardo Cunha e a oposição golpista”.
Cid reintera as críticas a Eduardo Cunha, afirmando ter ele toda a prática do achacador. “É um ser abjeto, nojento, uma pessoa que passa o tempo criando dificuldades para o Executivo para arrancar vantagens. No caso dele, pessoais. Fortuna. Ele não está na presidência da Câmara à toa, porque ele representa hoje um estilo que é majoritário na Câmara. É um vagabundo que se aproveita do poder político. Para mim, é um morto-vivo. Mas sou descrente de que alguma providência parta do Parlamento, porque boa parte é podre como ele e outra parte, oportunista”.
Cid critica o que chamou de “oposição golpista”, que diz que sobrevive com a possibilidade de impeachment. No final diz que não acredita no impeachment de Dilma por entender que não existem elementos claros e inquestionáveis de crime de responsabilidade. “O impeachment da Dilma leva a Michel Temer como presidente. Ele é o símbolo, presidente desse partido a que Cunha pertence e do qual inúmeros outros no mesmo estilo também são expoentes. A solução do Brasil não é por aí”.
Ele criticou o PT, afirmando que o partido virou essencialmente fisiológico. Quanto a Lula apesar de reconhecer que ele é responsável pela evolução em várias áreas nos últimos quinze anos. É também de sua lavra a institucionalização do loteamento, com vistas grossas, das estruturas públicas. “Ele fechou os olhos para muitas coisas ruins que deixam sequelas graves para o país. Todo esse escândalo da Petrobras aconteceu na gestão do Lula. Com certeza é vista grossa que foi feita por ele e por quem conduzia, José Dirceu, como uma rendição da necessidade de manutenção do poder”.
Diz que não acredita que Lula venha a ser candidato em 2018 em uma disputa com Ciro Gomes. “Só se for burro, coisa que ele não é. Quem foi presidente duas vezes tem que cuidar do seu legado, da sua história”.
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