O menino de 11 anos que participou do furto de um veículo que terminou na morte de um garoto de 10 anos mudou seu depoimento e disse que não houve confronto com a polícia. O caso aconteceu na noite de quinta-feira (2), no Morumbi, zona Sul de São Paulo.
Ao prestar esclarecimentos à Delegacia da Criança e do Adolescente do DHPP (Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa) na noite desta sexta-feira (3), ele relatou que o garoto mais novo, que estava ao volante, efetuou os três tiros durante o trajeto e não quando o carro parou, após bater em um ônibus.
Na madrugada da ocorrência, o garoto declarou que o colega havia feito o terceiro disparo somente depois de bater o carro, o que provocou a reação dos policiais militares.
Os dois PMs que perseguiam o veículo fizeram dois disparos após a colisão. Um deles acertou o menor que estava na direção na cabeça, provocando sua morte.
Como o caso começou
Segundo a delegada Elisabete Sato, diretora do DHPP, o menino de 10 anos e o menor sobrevivente pularam o muro de um condomínio no bairro da Vila Andrade, também na zona sul da capital paulista. Eles encontraram um carro com a chave na ignição e furtaram o veículo.
Ao voltar à sua vaga e não encontrar o automóvel, a dona do veículo, que havia subido até seu apartamento para buscar um documento, alertou o porteiro sobre o furto. Na sequência, funcionários do condomínio avisaram uma equipe da Rocam (Ronda Ostensiva Com Apoio de Motocicletas), que passava por ali naquele momento.
Os PMs conseguiram encontrar o carro, mas quando ordenaram ao garoto que estava ao volante que parasse, ele não obedeceu e ainda acelerou – a reação à ordem de parada foi confirmada por uma testemunha, que não percebeu que era uma criança dirigindo e acreditou que se tratava de um criminoso “abaixado”.
Assista à reportagem do jornal da Band sobre o caso:
Perseguido, o menino seguiu pela Avenida Giovanni Gronchi, onde chegou a colidir contra um ônibus, mas prosseguiu na fuga. Ele voltou a bater o carro na Rua José Ramon Urtiza, desta vez contra um pequeno caminhão, do tipo VUC.
Outra equipe da PM, que já havia sido avisada, fez o bloqueio, o que provocou congestionamento na via. Travado em meio ao trânsito, o garoto não conseguiu manobrar o carro. Nesse momento ele foi alvejado e morto com um tiro na cabeça.
Infância conturbada
A mãe do menino, a empregada doméstica Cintia Ferreira Francelino, de 29 anos, contou que o filho morava com a avó paterna e que havia abandonado a escola neste ano. "Ele estava andando muito na rua, mas não tinha arma. Quero que façam exame da digital na mão dele", afirmou.
Segundo a delegada Elisabete Sato, a arma supostamente usada pelo garoto de 10 anos era produto de outro roubo, contra uma escolta de um carregamento de cigarros, ocorrido em Jundiaí (interior de SP) no ano passado.
O menino morto pelo polícia vinha de um ambiente familiar conturbado: seu pai cumpre pena por tráfico de drogas e a mãe também já foi presa, por roubo e furto.
Revoltada com a morte do filho, Cintia negou que ele já tivesse cometido crimes. Entretanto, existem dois boletins de ocorrência registrando furtos anteriores praticados pelo filho, em janeiro e em abril deste ano.
band uol
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