As articulações estão no começo, mas o Governador Camilo Santana (PT) e os irmãos Cid e Gomes (PDT) podem colocar no tabuleiro da sucessão do prefeito Roberto Cláudio (PDT) a candidatura própria do Partido dos Trabalhadores.
Seja com o deputado estadual Elmano de Freitas ou com a ex-prefeita Luizianne Lins, o PT quer o espaço para divulgar ideias, projetos, se contrapor ao modelo administrativo atual e, acima de tudo, defender o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e o Governo da presidente Dilma Rousseff dos ataques da oposição.
Essa decisão, reforçada pelos dirigentes estaduais e municipais da sigla em Fortaleza, no último final de semana, em conferência estadual, acompanha a recomendação da Executiva Nacional. O espaço na propaganda de rádio e televisão e nos debates com os candidatos é considerado indispensável para sobrevivência da agremiação.
Os dirigentes nacionais sentem a necessidade de lançamento de candidaturas próprias as Prefeituras de capitais e de grandes colégios eleitorais como caminho para o PT recuperar terreno e resgatar a imagem abalada pelo escândalo da Petrobras, que chega a ante-sala do ex-presidente Lula e do Governo Dilma.
O quadro em Fortaleza se diferencia da maioria das capitais brasileira porque, no Ceará, o PT chegou ao Governo do Estado pelas mãos dos irmãos Cid e Ciro Gomes. Ambos bancaram o nome de Camilo Santana que ganhou, no segundo turno, a disputa contra o então candidato do PMDB, Eunício Oliveira, apoiado pelo PSDB e pelo grupo da ex-prefeita Luizianne Lins.
Camilo, Cid e Ciro gostariam de ver o PT no palanque de Roberto Cláudio logo no primeiro turno. Esse caminho é considerado, porém, pouco provável e traumático para militantes com força interna no partido.
Camilo poderá assumir uma posição de magistrado, sem envolvimento direto na campanha, o que agradaria a setores do PT. Quem o conhece, porém, tem uma certeza: todo esforço pessoal e político será direcionado a fortalecer a campanha de reeleição do prefeito Roberto Cláudio.
Razões para esse comportamento não faltam: lealdade e gratidão ao grupo liderado pelos irmãos Ferreira Gomes que o proporcionaram a oportunidade para chegar ao Governo do Estado. Nesse momento, a dúvida é sobre o nome a ser lançado pelo PT: se for Elmano, a área de diálogo se mantém com o PT de Camilo. Se Luizianne, que apoiou Eunício Oliveira em 2014, a rispidez na convivência será inevitável.
A disposição de lançamento de candidatura própria se fortalece ainda mais diante do cenário nacional em que o PT, com 14 anos de Presidência da República, tem a sua imagem abalada pelo envolvimento de lideranças nacionais e integrantes dos Governos Lula e Dilma no escândalo de corrupção da Petrobras. Os desdobramentos do quadro nacional são inevitáveis na disputa pelas prefeituras das Capitais, como se registra em Fortaleza.
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